Greve Geral contra o ajuste. Democracia direta com um povo forte nas ruas

OPINIÃO ANARQUISTA DA FAG
Junho de 2017

 

Nesse momento em que a crise do governo e do sistema de representação atinge toda gravidade, combater Temer é impor pela mobilização popular nas ruas a derrota do ajuste e da repressão. O ajuste estrutural é uma campanha de guerra aos pobres que se amplia pelas práticas de governo como poder punitivo sobre a vida dos setores populares e médios. As políticas de choque e desmonte dos direitos sociais são as coordenadas de consenso das classes dominantes, a linha que divide uma pequena elite de financistas, industriais, o agronegócio, a grande mídia, tecnocratas e oligarquias políticas da larga maioria do povo.

A vitória popular do Fora Temer tem que ganhar expressão pela luta de classes como batalha programática contra o Estado policial de ajuste. Batalha que se vence nas ruas e na construção de poder popular com democracia de base nos locais de trabalho, comunidade, estudo, nas redes de comunicação e cultura popular, na afirmação do povo negro e dos indígenas, na autoorganização das mulheres. Luta incansável contra esse ajuste odioso que manda cortar direitos sociais, prender, matar ou deixar que morram os pretos e pobres que não se enquadram na ordem. Ajuste que faz caixa com a opressão e a vida miserável do povo pra pagar os parasitas da dívida pública. Projetos de demolição da aposentadoria e das conquistas parciais que foram obras da luta histórica do movimento dos trabalhadores contra a tirania dos patrões. Contra-reformas que nos sujeitam a morrer trabalhando e, enquanto isso não chega, a trabalhar morrendo debaixo do regime precário, flexível e ultrajante da empresa.

URGÊNCIA DE UMA NOVA GREVE GERAL

Desde as lutas sociais do dia 15 de março contra a reforma da previdência, a resistência vem crescendo e ganhando alguma extensão também no setor privado, na indústria e nos transportes. Ainda que o rechaço ao governo Temer, as contra-reformas eaos ajustes venha ganhando imaginário social e buscando vazão, em princípio está contida no gerenciamento burocrático das centrais sindicais e com o passo medido para não atrapalhar a operação “Lula 2018”. A greve geral do dia 28 de abril foi convocada às vésperas do feriado para não derramar a revolta popular para fora dos controles. Pelo desejo dos pelegos e das burocracias sindicais e partidárias, deve (não mais que) fazer pressão para o arranjo dos seus interesses: um acordão do sistema político, salvar o imposto sindical ou a garantia de Lula como candidato.

Mesmo com todos os cálculos politiqueiros sobre a luta social nesse momento, a greve geral é entre todas as opções, um vetor de independência de classe. Uma linha de resistência que tem o valor de liberar forças sociais pra fora dos controles burocráticos, porque deve apelar a fundo nas mobilizações de base para ter algum impacto. Também porque em geral produzem dinâmicas de luta que afirmam os métodos de ação direta em convergência com o movimento popular.

A CORRUPÇÃO É PARTE DO JOGO DO SISTEMA

Propina, fraude, privilégio, delinqüência, injustiça, violência. Características da rede criminal que produze e reproduz o sistema e que constituem seu modo de articular a centralização do poder político e a apropriação capitalista das riquezas. É certo que os mecanismos de governo tem variações de um lugar pra outro. Vamos lembrar que a escandalosa fraude da banca financeira de 2007-2008 afundou o mundo na miséria e na agonia social e fez os governos dos EUA e da Europa pagar o vandalismo capitalista com fundos públicos. Os altos executivos das corporações ganharam bônus milionários com o socorro dos governos, depois de quebrar o mundo dos 99%.

No Brasil, a corrupção foi a moeda de troca que levantou o vôo do capital das “campeãs nacionais” e todo o regime de exploração e legitimação que garante as vantagens ao competidor capitalista na guerra suja dos mercados. Comprou os votos golpistas do parlamento e montou uma junta de vigaristas pra dirigir o governo de choque. É, portanto, fiadora da impopularidade do ajuste que começou nos governos petistas e castiga e corta fundo na carne do povo.

Corrupção, ajuste e reformas são elementos fluídos e comunicantes dos jogos do poder. Todo o monte de leis, decretos e medidas anti-populares da máquina de representação do governo e do congresso nacional estão contaminados. O retrocesso nas regras do seguro-desemprego do governo Dilma e a lei Antiterrorismo encomendada para “segurança jurídica” do sistema financeiro, por exemplo. A emenda constitucional 55 mais conhecida como PEC da morte do governo Temer. O pacote genocida que o agronegócio impõe implacavelmente sobre a luta pela terra de povos indígenas e quilombolas e comunidades camponesas.

AMPLIAR A ORGANIZAÇÃO DE BASE E A PARTICIPAÇÃO POPULAR COM DEMOCRACIA DIRETA

Não lamentamos pelos políticos, empresários e a alta burocracia do Estado que são atingidos por denúncias e investigações da rede de pilhagem dos bens públicos. Não torcemos pelo sucesso midiático da força tarefa da Lava Jato e das operações da Polícia Federal. O judiciário como ator político de um poder de exceção, aliado com a agitação de partido ideológico que fazem os donos da imprensa são as pedras de toque de uma estratégia imperial para encurtar a corda da democracia burguesa ao sabor de uma narrativa de crise.

A luta por justiça social não vai vir dos aparelhos judiciais e policiais que guardam a jaula que espreme e trucida os de baixo. A criminalização da política que toma a cena do país é uma luta de poder das elites dirigentes com o dedo de sócios regionais do imperialismo. Sua lógica interna só pode arranjar uma saída que escape da participação popular e anule a mobilização das ruas. O decreto da Garantia da Lei e da Ordem aplicado sobre o protesto de massas em Brasília no 24 de maio dão uma idéia de como reagem as instituições.

Subordinar a ação do movimento sindical e popular aos interesses eleitorais é estacionar a luta social no palco dos inimigos de classe e dividir as forças de mudança no jogo dos partidos da democracia burguesa. A agitação reformista por “diretas Já” é uma tática que ao fim e ao cabo leva a tensão social para os acórdãos do mesmo palco de sempre: conservar as estruturas de poder que não estão sujeitas ao voto com o aval de uma nova representação que absorva as energias da bronca popular.

A política de ajuste e repressão só pode ser derrotada sem retrocesso pela ação direta popular, pela independência de classe que gera um povo forte e combativo. Ampliar e aprofundar as lutas e as organizações de base da resistência, unindo pela ação dos setores sindicais, estudantis e populares que peleiam soluções reais que não fazem terminal nas eleições. Nessa linha, se soma a reivindicação de mecanismos de democracia direta como tática de luta política que amplia a participação popular frente ao sistema corrupto e oligárquico da representação burguesa.

A hora é de reafirmar a independência de classe dos trabalhadores contra o ajuste econômico. A hora é de opor ao sistema corrupto de representação da política burguesa, a democracia direta e de base das assembléias populares, conselhos e plebiscitos na vida pública. A hora é de generalizar a luta pelas ruas, greves e ocupações fora dos controles burocráticos e dos cálculos eleitoreiros.

FORA TEMER 

 

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