Solidariedade às famílias violentadas pelo latifúndio e pelo paramilitarismo em São Pedro da Aldeia/RJ

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No último dia 08 de julho ocorreu mais um ataque violento no campo, contra o acampamento Emiliano Zapata, em São Pedro da Aldeia (RJ), que é organizado pela Fetagri-RJ (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio de Janeiro). Barracos e plantações de moradores do acampamento foram incendiados, seguido do assassinato a tiros de Carlos Augusto Gomes, conhecido como Mineiro, por pistoleiros. Além disso, lideranças da Fetagri-RJ estão sofrendo de ameaças de morte.

Testemunhas acusam policiais militares de estarem a serviço do fazendeiro. Por lutarem por terra, em uma terra de 820 hectares a Fazenda Negreiros (possivelmente esse nome seja alusivo aos navios negreiros do período mais infame e mais brutal da história do período colonial; a escravidão negra). Essa fazenda em questão vinha sendo ocupada desde 2017, 40 famílias que tem sofrido intimidações, ameaças e ações de violência do suposto ex-dono (a velha prática da grilagem) e pistoleiros.

Esta brutal violência no campo é mais um fato neste contexto brasileiro em que o Governo Bolsonaro, e figuras como Nabhan Garcia, encorajam e estimulam este tipo de ação envolvendo os interesses fundiários do agronegócio e o uso do paramilitarismo. Além da devastação de florestas e dos bens naturais pelo agronegócio, o extermínio das comunidades do campo e das florestas são parte da política ultraliberal que este governo quer impor ao povo.

É um fato que se insere também na história de conflitos fundiários do território fluminense. Um estado onde o povo do campo e da cidade sofre há décadas com a concentração e especulação de terras e as formas de atuar do agronegócio em mega-empreendimentos como o Porto do Açu, a indústria da cana, ou a especulação imobiliária e expulsão dos pobres das áreas centrais e favelas. O que se agrava com um governo Witzel “tiro na cabecinha” que apoia as orientações fascistas de Bolsonaro.

Por isso entendemos que as lutas do campo e da cidade se cruzam. São essas trabalhadoras e trabalhadores fugidos do trabalho escravo do latifúndio, pretos e pobres, ora expulsos do campo, ora das cidades, que vão ocupar terras no campo e casas na cidade.

A brutal e desigual concentração de terras, onde aqueles que produzem vida, cultura e alimentos no campo são expulsos, é uma realidade do Brasil e da América Latina. É como o estado burguês opera para escravizar os de baixo e reproduzir por séculos esta lógica agrário exploradora e exportadora. O que reforça e importância de um projeto de luta e organização que aponte para uma verdadeira revolução agrária, com soberania e construção de poder popular das comunidades do campo e das florestas sobre os territórios onde vivem e produzem.

Que a terra seja leve para as vítimas do agronegócio, do capital, do Estado. A cada companheira e companheiro tombado, nem um minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta! Arriba lxs que luchan!

GT Agrário da CAB
11 de julho de 2020

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