Nota sobre a Luta Antirracista

Estamos em território de constante exploração e violência colonial. Repetimos, estamos em território de constante exploração e violência colonial contra a população negra!

Uma multinacional, como a Carrefour, sabe muito bem usufruir da violência cotidiana vivida em países racializados, através da experiência colonial. Ela sabe, por exemplo, que aqui a mão de obra é mais barata, e que há vidas mais baratas que outras. A morte de João Alberto Silveira Freitas, homem negro brutalmente assassinado, no dia 20 de novembro de 2020, dentro do território hostil do Carrefour, é sintoma da forma como opera o racismo capitalista nessas terras de herança escravocrata. O corpo de João Alberto foi alvo de um sistema aperfeiçoado para aniquilá-lo. Tanto é, que um dos seguranças envolvido no cruel espancamento, também é policial militar.

A sórdida PM, especializada e aperfeiçoada, historicamente, para abrir guerra contra os territórios negros, contra a população negra, fornece materialmente os meios para a manutenção do genocídio do povo negro. A denúncia contra o Carrefour tem que ser a denúncia aberta contra o Estado e o Capital. Não esquecemos que a Casa Grande era onde os negócios, os lucros e a violência cotidiana estavam inseparáveis nos desejos dos senhores brancos.

A denúncia ao Carrefour é a denúncia de todas as empresas. Não há política de integração racial ou empresas antirracistas. O racismo é uma estrutura do capital, que media a desterritorialização dos povos, que contribui diretamente para estruturação do genocídio para a distribuição de mercadorias do capital, tudo isto a partir da exploração exaustiva das vidas de homens e de mulheres negras. Seja exploração da sua força de trabalho em vida, seja no extermínio!

A resposta que veio das ruas, tida por violenta aos olhos dos senhores de engenho dos nossos tempos, é consequência direta de séculos de colonialismo e racismo estrutural. É também um recado aos preocupados com vidraças, etiquetas e que cotidianamente passam pano e incitam a violência Colonial/Racista, uma resposta até mesmo a quem pretende “domesticar” o nosso povo, sequestrando a luta das ruas e tentando lhe impor a moderação dos parlamentos.

Mas, como bem disse Brecht “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem”, e esse rio transbordou em Porto Alegre e por todo Brasil.

A violência é a nossa crítica contra o colonialismo, contra o capital, contra o racismo estrutural!

Que se acendam as chamas contra o Carrefour!
Que se acendam as chamas, como o povo do Haiti acendeu contra a colonização dos brancos!
Que se acendam as chamas, igual àquelas que queimaram os canaviais dos senhores de engenho!
Que se acendam as chamas contra o Capital e contra o Estado!
Que se acendam as chamas por Vida Digna!

Coordenação Anarquista Brasileira
22 de novembro de 2020


Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

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