Sobre

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FAG é uma organização política anarquista fundada em 18 de novembro de 1995 pela convergência de agrupamentos de Alegrete, São Leopoldo, Porto Alegre e Região Metropolitana. Desde o princípio, se constitui como iniciativa organizadora dentro do marco coletivo de um projeto libertário para atuar nas lutas sociais do Brasil e nossa região no mundo.

Nos anos 90, o capitalismo aplica com mão pesada o modelo neoliberal no nosso país através dos governos de turno e as receitas dos seus organismos globais. O Brasil se vende para a globalização, a ação capitalista feroz dos mercados, o econômico como ideia dominante na estrutura social, as políticas de ajuste fiscal, privatizações, dependência sinistra dos poderes financeiros. Vida precária, desemprego, a pobreza, toda a estrutura da desigualdade social investem pesado em nossa formação social. O campo popular detém seu avanço e defende a duras penas os direitos conquistados, os bens e serviços públicos que atendem pela questão social. Em geral se vive uma inflexão conservadora nas ideias e práticas sociais. A esquerda reformista formada na nova república, com a liderança do PT, gradualmente se integra nas estruturas do poder, nos controles institucionais e seu jogo de reprodução do sistema.

Neste período um setor mais inquieto do anarquismo procura se reorganizar e ter propostas para a realidade brasileira, o presente histórico, suas condições e possibilidades concretas. Se abre uma etapa de renovação crítica, de gestação de uma vontade organizada que busca de peito aberto soluções para atuar em dia com a história, com os problemas atuais, sem repetição de esquemas. A FAU inspirou e apoiou sua formação. É uma experiência anarquista latino-americana que teve a capacidade política de lutar em distintas conjunturas históricas e não deixar o projeto libertário perder um lugar entre os oprimidos e seus concretos contextos sociais. O Processo de Construção Anarquista Brasileiro (PCAB), nascido na metade dos 90, apontou os primeiros elementos da definição especifista que nos reúne desde 2012 na Coordenação Anarquista Brasileira (CAB).

Com muita modéstia a FAG aporta 20 anos de emergência de uma geração, de uma experiência política que vem se construindo dos 90 pra cá na forja de um anarquismo militante com sua organização específica e a construção de força social por dentro da vida e das pautas dos “de baixo”.

Organização política articulada com as lutas sociais

A nossa, com muita humildade, é uma organização para atuar com perspectiva libertária, sobretudo para atuar nas lutas sociais e políticas. Isso não dispensa o estudo e a teoria, sobretudo quando queremos ser mais incisivos nos processos reais. Assim não somos um grupo de estudos ou de propaganda simplesmente. O critério geral que nos define é a articulação de um plano de coesão ideológico-doutrinário onde se organizam os anarquistas ao lado de um plano mais amplo de organização como classe no movimento popular e sindical.

O primeiro lugar para se organizar que indicamos é pelas frentes de luta. Nos locais de estudo, moradia, trabalho, pela cultura popular e contra as opressões de gênero, raça, orientação sexual. A FAG agrupa militantes, colaboradores e simpatizantes em pelo menos três frentes: a sindical, a estudantil e a comunitária. Numa esfera de definição mais ampla fazendo tendência combativa pelos setores, onde unimos com companheiros/as de afinidade na concepção de luta, pela independência de classe e os métodos de democracia de base e ação direta popular.

A FAG tem núcleos de militância organizados em Porto Alegre, Região Metropolitana e por cidades do Interior do RS. No Brasil está associada na CAB onde coordenamos pautas de ação em todas as regiões do país.

Elementos que definem nossa concepção de luta e organização:

Prática política

A teoria aponta para a elaboração de conceitos e de um método para pensar e conhecer rigorosamente a realidade social e histórica. A análise profunda e rigorosa de uma situação concreta será um trabalho teórico o mais científico possível. A ideologia é composta de elementos de natureza não científica, que contribuem para dinamizar a ação. A expressão de motivações, a proposta de objetivos, de aspirações, de metas ideais, isso pertence ao campo da ideologia. Uma prática política eficaz exige o conhecimento da realidade (teoria), a postulação harmônica com ela de valores objetivos de transformação (ideologia) e meios políticos concretos para conquistá-la (prática política).

Organização específica

Para distinguir seu programa e não diluir sua bandeira na massa das forças sociais os anarquistas formam uma organização específica para a prática política. Por suas finalidades revolucionárias, a organização só reúne uma minoria ativa para poder atuar na luta pública e fora dela. A organização é uma federação de militantes com unidade ideológica e estratégico-tática, com democracia interna e uma disciplina consciente para suas realizações. O anarquismo organizado não substitui nem representa as organizações sindicais e populares. Dentro dessa concepção, não é um partido para tomar o poder, mas para ajudar a desenvolver capacidade política nas massas para construir poder popular.

Estratégia e tática

A atividade de uma organização política supõe uma previsão do devir possível dos acontecimentos durante um lapso mais ou menos prolongado, previsão que inclui a linha de ação a adotar pela organização frente a esses acontecimentos de maneira a influir sobre eles no sentido mais eficaz e adequado. Uma linha estratégica é, habitualmente, válida enquanto perdura a situação geral a qual corresponde. As opções táticas, na medida em que respondem a problemas mais precisos, concretos e imediatos, podem ser mais variadas, mais flexíveis. Sem dúvida não podem estar em contradição com a estratégia.

Ação de massas

A organização das forças populares, dos movimentos e organizações das classes oprimidas é parte fundamental da estratégia anarquista. Estar organizado socialmente e inserido nas lutas é um critério para atuar como força política. A classe trabalhadora e os movimentos sociais devem se organizar com independência de governos, partidos e patrões. A luta de massas é um espaço para fazer unidade em defesa dos interesses de classe. O anarquismo deve atuar como fermento moral e intelectual, levando seus métodos de luta e organização como um anticorpo de luta permanente contra a burocracia, o centralismo autoritário e a colaboracionismo. O lugar das ideologias na frente social não é o de protagonismo imediato, de partidarização, mas circulação de idéias, métodos e valores a partir das situações concretas que formam as experiências da luta.

Luta avançada

O problema da violência, como categoria da política, é fundamental num processo revolucionário que procure abater as estruturas de poder do capitalismo. A luta avançada é uma parte decisiva da prática política de uma organização revolucionária que atua também, com uma estratégia articulada e global, no nível das lutas populares. A luta revolucionária por objetivos socialistas deve contar com o protagonismo de um setor importante das massas e por isso não dispensa o trabalho político e ideológico no interior dos seus movimentos. A organização de uma força militante como elemento de choque e recurso técnico prévio da radicalização das lutas contra o poder burguês é uma exigência para uma estratégia vitoriosa de revolução social.

Estratégia de poder popular e socialismo

O anarquismo postula no processo de lutas uma ruptura revolucionária com a ordem porque é condição para fazer um caminho de construção final de uma sociedade socialista e libertária. O processo revolucionário, na mesma medida que desarticula as estruturas de dominação, abre caminhos para a construção do poder popular, concebido como o poder revolucionário protagonizado pelas organizações populares. Onde o político e o social adquirem uma nova articulação que o assegure. A viabilidade desta concepção do poder popular está vinculada com uma definição determinada da ruptura revolucionária. Dela dependem tanto o curso que possa seguir o processo revolucionário como as características concretas do confronto com as forças repressivas do Estado. Vamos conceber a ruptura nos termos de uma insurreição popular. Essa opção implica uma maior, mais ampla e mais decisiva participação das organizações populares. A construção do poder popular requer a preparação das organizações populares destinadas ao seu exercício. Não se trata de dar o nome de “poder popular” as velhas e conhecidas formas de ação política e representação que excluem o povo de toda instância de decisão fundamental. Criar ou recriar, fortalecer e consolidar as organizações operárias e populares e defender seu protagonismo é ir fecundando, passo a passo, um socialismo com liberdade. Importa muito como se orienta e concretiza o trabalho político e social permanentemente. É próprio da estrutura política especial do Estado a separação entre sociedade e poder, povo e política, sua reprodução institucional e pelo discurso de uma autoridade superior atribuída de impessoalidade que regula a vida social. Uma estratégia de poder popular deve levar em conta a necessidade uma nova estruturação político-social que descanse no protagonismo das organizações populares e articule o poder em torno da participação das bases nas decisões fundamentais do processo político da sociedade. A revolução que queremos é uma revolução socialista e libertária, portanto delimita desde o princípio amigos e inimigos. Uma revolução anticapitalista e antiautoritária aponta inconfundivelmente ao desaparecimento das relações de dominação e, assim, contra a sobrevivência de todas as classes e camadas dominantes. É uma revolução que pretende o desaparecimento da burguesia como classe, o desaparecimento de latifundiários e capitalistas, castas militares e hierarquias estatais. A revolução socialista e libertária só pode encontrar combatentes nas classes oprimidas. A frente de classes oprimidas a que nos referimos se constitui como uma rede de relações permanente, ligada programaticamente, da multiplicidade de organizações de base capazes de expressar na luta os interesses imediatos destes setores sociais e de desenvolvê-los e aprofundá-los no sentido de metas e orientações do tipo transformador e socialista.

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